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ENDLESS PLACE

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

MULHERES DE PESO NA BIENAL

Encontro histórico no Salão de Idéias Volkswagen: a grande dama da literatura, Lygia Fagundes Telles, e a grande dama da dramaturgia, Maria Adelaide Amaral.


O delicioso bate-papo com o público durou cerca de uma hora e meia no auditório lotada do início ao fim e com rotatividade de público.

As grandes damas falaram de suas criações, recitaram poesias e “da zona indevassável do escritor com seus personagens”, como destacou Maria Adelaide. O trabalho das duas se mistura em muita coisa, mas uma diferença é gritante: os personagens.

Lygia diz que seus personagens sentam em seu colo e conversam com ela. “Vão e voltam me visitar várias vezes. Aí eu reproduzo”, explica.

Já Maria Adelaide tem vários problemas com seus personagens reais. A dramaturga se revolta com a situação legal do País que só permite obras biográficas (escritas ou em minisséries) quando são autorizadas.

“O fato de o biografado poder intervir na comercialização da obra, poder exigir que a obra seja retirada de todas as livrarias, é caso de polícia”, diz ela indignada. “Neste País todo mundo é virgem, é fiel, nunca traiu e, depois que morre, vira santo”.

“Precisamos fazer algo neste sentido porque a vida de muitos personagens históricos brasileiros deveria ser considerada patrimônio cultural. Cada vez que faço um trabalho biográfico, preciso da autorização de todos da família. Vou lá e digo: confia em mim que vou tratá-lo com o maior respeito”.

As narrativas históricas - principalmente em tevê, pois têm longo alcance - são de suma importância para a memória do povo. “O que mais me comove é a mobilização que o tema gera. O público começa a se informar sobre o tema e, conseqüentemente, resgata a história”, afirma Adelaide.

E para quem quer se dedicar a escrever, elas são unânimes no conselho: “leia, leia muito!”.

Lygia fechou o debate com chave de ouro: “estendo minha palavra como ponte para o público e ele vem até mim. Depois ele vai embora e eu fico na solidão”.

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